quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Kant e Deleuze - Uma análise sobre a literalidade


Deleuze e Kant admitem que a literalidade é o meio pelo qual se pode chegar ao entendimento, porém, as bases do conceito de literalidade com o qual cada um trabalha não é congruente.
Para Deleuze todas as palavras são não-literais em virtude de uma palavra sozinha, ocupando a posição do indeterminado, não ter sentido a não ser se relacionada com outra, ou seja, toda palavra tem seu significado influenciado pelo conceito de outra palavra, sendo que essa influência é modificável de acordo com as experiências humanas em relação à palavra no mundo real, sujeito a condições temporárias, manejáveis, móveis.
Deleuze trabalha a literalidade como a afirmação das relações estabelecidas pelas palavras organizadas pela experiência no mundo real, capaz de estruturar um campo problemático ao qual ele atribui o nome de crença. A crença deleuziana em nada tem haver com formular hipótese através de uma essência, crer é um ato involuntário, uma síntese passiva, um acontecimento que se confunde com o acesso a um novo campo de compreensão, capaz de dar suporte ao entendimento das metáforas.
Kant considera que sendo a lógica uma ciência racional, das leis necessárias ao pensar, o entendimento não tem sua base estruturada nos objetos cujo conceito é obtido da perspectiva contingente para a perspectiva analítica; e sim em sentido contrário, do universal para o particular. Na visão de Kant as coisas do mundo real são do Diabo.
A literalidade Kantiana é restrita ao campo da universalidade, uma vez que ele nega que a dimensão do termo colocado no predicado tem extensão maior que o termo colocado no sujeito, para Kant ambos tem a mesma dimensão.
A equivalência de dimensão entre o sujeito e o predicado da literalidade Kantiana é a base para a compreensão do princípio da não-contradição onde o contrário de algo tido como verdadeiro é obrigatoriamente falso é vice-versa. Trabalha-se na perspectiva do contrário, afirmação / negação.
Portanto, se as bases do conceito de literalidade para Kant e Deleuze não são congruentes, não podemos explicar a metáfora de Deleuze e o princípio da não-contradição de Kant, valendo-se do mesmo entendimento de literalidade.
Autor: Fábio Moreira Santos

3 comentários:

  1. Deleuze e Kant foi o cara mesmo. A sua filosofia me lembra muito o jeito sociólogo de Durkheim... Abraços

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  2. Olá, Fábio!!!! Parabéns pela iniciativa da criação do blog!!!! Que em 2010 você nos traga, nessa página, um manancial inesgotável de informação jurídica de qualidade. Um grande abraço! João Humberto, do blog Ambiência Laboral www.ambiencialaboral.blogspot.com/

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  3. Meu caro Fábio.

    Começou bem com este post sobre Kant e Deleuze.
    Direito é técnica, é linguagem.
    O seu blog foi uma ótima maneira de terminar o ano de 2009 e inaugurar bem o ano de 2010.
    Desejo que sua carreira seja muito bem iniciada e prossiga sempre com muito sucesso.
    Felicidades.

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